domingo, 28 de agosto de 2011

A persistência, o amor, a vida, o orgulho, o meu Pai!

Ontem assistindo Fantástico vi uma reportagem que achei interessante, sobre pré-adolescentes que acham um "mico" a forma que seus pais participam de suas vidas. A reportagem me chamou a atenção e me levou para momentos incríveis e acredito que mais felizes da minha vida.
Eu lembrei de quando meu pai me levava para o colégio, eu nunca senti vergonha, pelo contrário, sempre tive um orgulho imenso por simplesmente ter um pai ao meu lado. E com as lembranças vieram duas em minha mente, uma delas foi quando eu tinha seis anos e olhei na janela da sala de aula, era meu pai me olhando estudar, minha reação foi mostrar para todos meus coleguinhas que meu pai estava lá na escola. E o tempo passou, eu cresci e cheguei na adolescência e com meus quinze anos na sala de aula cheia eu olhei para o corredor e vi meu pai lá, me olhando, sorrindo e assim como quando eu tinha seis anos, eu senti um orgulho imenso e falei alto sem querer "é meu pai" e sai correndo em sua direção.
Meu pai sempre foi meu orgulho, meu exemplo de vida.
O tempo passou, a idade e a vida também. Meu pai teve problemas com trabalho e ficou em depressão, o que o levou à uma tentativa suicida.
No dia dezesseis de Abril de 2007 cheguei em casa e não tive notícias do meu pai, ele havia sumido. Minha mãe disse besteiras e eu fugi, fui caminhar e ao voltar para casa duas amigas me abraçaram e disseram que estavam ao meu lado, minha mãe não estava em casa. Então descobri que meu pai havia se acidentado, tomei um calmante e fui dormir naquela tarde gelada. Ao acordar escutei minha mãe dizer ao meu meio irmão no telefone que meu pai havia tentado suicídio. Foi a pior sensação da minha vida, naquele momento me achei um nada, um ninguém, uma culpada e a pior dor, senti que meu pai não me amava por tentar me deixar. Fiquei revoltada e triste, eu não sabia o que acontecia e então fui vê-lo no dia seguinte, UTI, aparelhos, curativos, pontos. Eu não tinha nenhuma fratura, mas naquele momento eu senti uma dor inexplicável, e então não muito consciente meu pai me pediu desculpas por ter tentado contra sua vida.
Ver meu pai sofrendo ao se esforçar para respirar me fez ter um motivo para viver, não sei ao certo qual motivo, mas sei que aqueles suspiros com dores me faziam tentar viver por ele, por cada suspiro, por nossa família.
Meu pai ficou 43 dias internado, foram dias difíceis. E algum desses quarenta e três dias minha mãe chegou e me abraçou, com a triste novidade que meu pai iria ter que amputar a perna direita. Naquela noite eu briguei com Deus, briguei, contestei, xinguei, sentei no chão e agradeci por meu pai estar vivo.
Eu me senti fraca, mas foi o momento de mais fortaleza que tive, até hoje não sei de onde tirei forças.
Após tantos dias internado meu pai voltou para casa, vi meus tios o carregando cada um segurando um braço do meu pai e a única perna. Naquele momento entendi que humilhações estavam por vir, e vieram, vem e de nada adianta muitas pessoas machucam com gestos e palavras pessoas mais 'fracas'. Mas é claro, não apenas reclamo, pois várias pessoas estavam e estão ao nosso lado com bondade nessa luta.
Meu pai não se conforma por ter problemas sérios de saúde hoje em dia e por não ter a perna. Se entregou, passa os dias dormindo, não fala e há muito, mas muito tempo não vejo meu pai sorrir. Isso me faz sentir fracassada, me faz pensar em desistir de tudo, fugir para qualquer lugar que não exista sofrimento.
Essa fraqueza diante aos fatos me fez perceber que meu pai não é um exemplo de vida, mas é alguém que eu ainda me orgulho e sempre vou me orgulhar. É a pessoa que mais admiro, é alguém que brigou com a morte, com preconceitos e com a luta diária em se conformar com a realidade.
Meu pai continua o mesmo para mim, o homem que mais admiro, que me orgulho. Mas dói vê-lo todos os dias deprimido, então os meus dias se tornaram dias de guerras com o sofrimento, com a conformação, com a luta, com a dor.
Pois depois de tanta história, não posso desistir nem desanimar, mas somente amar e fazer de todos os meus dias, dias felizes para meu pai.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Planos e o que mais mesmo?

7:38 da manhã, fito com os olhos o quarto inteiro para ver aonde o sol está em meu quarto, pequenos raios de claridade deixam tudo mais bonito por aqui.
- Bom dia, dia!
- Puts, aula hoje.
Lingüística e Literatura, uma das duas ou as duas vão ser meu mestrado, é importante, tudo bem, é só hoje e semana que vem tem mais.
Mestrado, mestrado, nossa, vai demorar pra isso, hein. Contando um ano perdido na universidade mais 4, mais 3 de mestrado, nossa, eu terei 28 ou 29 anos e parece que é tudo tão parado mas é o contrário, tudo ta correndo demais. Oras, eu quero me casar, poxa, com minha idade minha mãe já era casada... E eu aqui abraçada com um urso, epa, sai dai Pimpão, preciso levantar.
- Aonde está meu remédio, ah sim, aqui.
Escovo os dentes e volto para o quarto, o mundo parece imenso e esse mero quadrado chamado de 'meu mundo' ou quem sabe ''meu quarto'' é tão pequeno porém me desgasta mais que um mundo inteiro, o tédio me desgasta. Mas se estou entediada estou porque quero.
Sento na cama e os sonhos e planos do futuro vem novamente, realmente meus pensamentos querem me encher muito nesta manhã.
- Um dia eu quero ser mãe, mas ser mãe é complicado. Preciso estar bem financeiramente e psicologicamente para ter um filho. Além de tudo preciso de um homem para ter um filho, bom, aí a coisa complica.
Não que eu não goste de homens, na verdade eu gosto da espécie em si mas não gosto do que a vida em relacionamentos propõem, não admiro a forma que a vida deixa de ser social quando começa um namoro, sei lá.

As vezes acho que sou uma menina com sonhos de criança, é, bem isso. Sonhos muito altos que sabe Deus quando vou realizar e se vou. Então eu fico brincando de ser alguém, leio, interajo, converso e durmo. Minha vida é assim, é totalmente parada mas passa rápido, e como passa... E o tempo que me resta perco escrevendo, injusto para um corpo jovem cheio de energia que merece cansar. Mas foi essa forma que eu escolhi viver, não sei se foi por instinto, mas foi por uma tremenda vontade de... 'deixar estar'.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Luto


De praxe um dos símbolos do luto é a rosa negra. Opinei por flores claras para expressar que a morte pode ser clara e calma para quem faz a viagem. Acredito que o caminho nessa viagem é rodeado de flores assim ou algo que nenhum ser humano imaginou. Nada de preto, nem mais tanta tristeza.
Estou pensativa, desanimada, triste e sentindo um enorme vazio, um vácuo. Consolo algum tira esse vazio, alguém se foi para não voltar mais, então não importa quantos abraços as pessoas próximas ganhem, o vazio jamais vai ser preenchido.
Na última madrugada meu tio se foi, foi para aquela viagem que nunca mais volta, faleceu. Eu não era próxima do meu tio. Mas eu sabia que meu tio tava lá, mesmo com problemas de saúde lá estava, e que 'qualquer dia' eu iria fazer uma visita. Agora me arrependo amargamente por não ir pedir a benção do meu tio, ir vê-lo em vida. Eu deveria ser mais presente para com meus familiares. Errei com minha ausência e agora ficam essas saudades com gosto de tristeza e vai ser assim pra sempre, a saudade e a falta. Me sinto pequena diante a esse carinho, pois claro, existem pessoas que conviviam com meu tio, essas pessoas estão sofrendo muito e necessitam de força, preciso de fé para rezar o máximo que puder para Deus dar força para minha avó, minha tia, filhos e netos e irmãos do meu tio. Força pois perder alguém é difícil, principalmente quando se trata de uma pessoa com um coração gigante igual ao do meu tio. Ele fez uma boa caminhada nessa vida. Muitos tem boas lembranças do grande homem que meu tio foi. Ok, como dizem "depois que a pessoa morre as outras pessoas passam a achar quem faleceu uma pessoa sem erros", é, talvez sim. Mas de que adianta lembrar dos erros? Agora os momentos bons ficam na cabeça e no coração para jamais esquecer. Os bons momentos vão ficar guardados, as lembranças vão vir e os rostos vão ficar molhados com lágrimas cheias de saudade.
As lágrimas que agora rolam, a família que agora sofre. A família que precisa de força.
Estou colocando 'panos quentes' em cima do luto, da falta. Está tudo quase bem, tirando essa triste dor guardada.
Percebi com esse acontecimento fúnebre que a vida é curta, o tempo é curto e devemos plantar flores para colher o bem. E assim foi meu tio, plantou flores, colheu amor e carinho e agora já está deixando saudades.
As vezes confundo luto com sensacionalismo de morte, as vezes confundo luto com dor, luto com tristeza... Mas na verdade luto é apenas o vazio a sensação de que tem o mundo inteiro lá fora, mas falta alguém, alguém que não volta e como ninguém sabe do que é o "outro lado" fica a saudade e perguntas sem resposta.
O tempo é curto, e hoje, é, hoje após 20 anos de vida percebi que VIDA é só uma e dela temos que tirar o melhor e fazer o melhor, fazer o bem, querer o bem, viver o amor.
E como me expresso somente quando escrevo, cá está meu sentimento de perda, de saudade e até mesmo remorso por não ter sido mais próxima do meu tio.
Mas de que adianta me arrepender agora?
Ao mesmo tempo que fico pensando e me perguntando porque meu tio se foi, me orgulho dele, tento me espelhar, quero saber cultivar o amor assim.
A vida é só uma e realmente, a caminhada tem de ser bela, a vida é como cristal, não quebremos, aceito somente viver com paz e amor e peço fé e força para minha família.



É certo que haverá coisas que fujam da sua alçada
Vambora porque é longa a caminhada, mas a vitória, eu sei, será de goleada
Você vai ter que aprender, elas vão ter que aprender
A gente tem que aprender
Por isso, saúde e alegria
É o que peço pra nós, minha querida
Pros nossos filhos, amigos e irmãos
Fartura, paz, amor, respeito, fé e compaixão ♫