quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Deus não me tirou de ti, nem tua vida.

Desde o dia 16 de Fevereiro de 2007 me faço a mesma pergunta todos os dias.
Pai, porque você fez isso?
Ainda lembro de cada minuto daquela tarde e de cada dor daqueles tempos.
Ver meu pai sentir dor me faz sentir o mesmo, e desde então assim como ele, minha vida não tem mais gosto.
Seu coração ainda pulsa, assim como o meu, pulsa por pulsar, mas sem vontade.
Certa vez fez uma música em minha homenagem, que dizia que eu era a razão da tua vida. Mas um dia eu deixei de ser a filha que transmite amor então jogou tua vida com teu corpo em frente à uma tentativa suicida.
Mas palavras são apenas palavras, diz-se apenas para completar a estrofe, e a filha querida, foi só isso.
Minhas pernas foram tiradas de mim quando a sua foi tirada também, mas com seus passos pesados de ferro e com um sorriso no rosto você me faz viver, por alguns segundos, amar viver.
Mas desde aquele dia eu sou só, só alguém.
Ter você por perto era segurança e hoje tenho medo e coração murcho sempre que te vejo dormir, só dormir. Quase todos os dias eu acho que você pensa não em mim, e isso me faz ser vazia e mesmo com outras pessoas em minha volta, eu só quero o meu pai sorrir.
Não sabe que escrevo, não me lê, mal me vê.
Vejo tuas fotografias sorrindo, espero um dia ver você sorrir de volta.
A vida lhe tirou muita coisa, mas Deus não me tirou de ti, nem tua vida.